segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Realidade informativa
Não há Dezembro sem pais natal, renas e trenós, malta nos hipermercados e um caso Liedson.
Transcrevemos a entrevista que abriu o deste ano:
"Liedson da Silva Muniz. O 31 leonino, ídolo dos últimos anos em Alvalade pelos 102 golos que já leva nos cinco anos de leão ao peito, era repositor de supermercado e hoje, aos 30 anos, é estrela no mundo do futebol. Levezinho, Liedshow são as alcunhas que os adeptos leoninos lhe deram, ele que antes de chegar a Alvalade passou por Poções, Prudentópolis, Coritiba, Flamengo e Corinthians.
Recusando o rótulo de indisciplinado, Liedson diz que se sabe de mais em termos públicos do que se passa no balneário leonino e que, por vezes, o que se sabe não é verdade. No entanto, o Levezinho confirma que foi castigado por não ter querido treinar a marcação de grandes penalidades, mas diz que o castigo foi injusto. O atacante admite sair do Sporting, mas salienta que ainda não recebeu qualquer proposta concreta.
Vai completar cinco anos no Sporting e venceu apenas uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Não acha pouco?
Claro que é pouco, sobretudo estando no Sporting, um clube grande. É pouco, não só pelo mérito das outras equipas, mas também pelas dificuldades cada vez maiores que o campeonato apresenta. Mas quero mais e espero ainda poder alcançar mais no Sporting
Mas pela quantidade de golos que marca e pelo que trabalha defensivamente e ofensivamente acredita que é a melhor montra para si?
Quando entro em campo tento fazer o melhor para o Sporting, marcando muito, pouco ou nada. Preciso mais da equipa do que ela de mim, mas ela também precisa de mim pela minha experiência. Estou cá há cinco anos e sou uma referência.
Completou 30 anos este mês. Considera que é a idade ideal para dar o salto para um campeonato maior?
Para ir para outro clube tenho de estar bem no Sporting. Se aparecer uma boa proposta, vamos sentar-nos, colocar as coisas na mesa e ver o que é melhor para todas as partes.
Teve alguma proposta?
A mim não chegou qualquer proposta. O meu empresário não me disse nada e eu pedi-lhe que só me dissesse quando fosse algo de concreto, porque não gosto de me iludir e já não tenho idade para ser iludido".
Vai então esperar pelo final da época. Será a altura ideal?
Pode ser. Mas estou preparado para sair ou continuar. Já tenho 30 anos, sinto-me bem aqui, mas às vezes temos de mudar de ares para mudar alguma coisa. Mas ainda não recebi nada. Se aparecer vamos conversar
O conflito com Vukcevic na Madeira está sanado?
Tudo sanado. É uma situação de jogo, os dois tentámos fazer o melhor para o clube. Por vezes, as ideias não batem e acaba por ser normal.
Tem registos de vários episódios de indisciplina que motivaram intervenção directa do técnico. O último foi ter-se recusado a treinar grandes penalidades. Não teme ficar com o rótulo de indisciplinado?
Não temo nada isso. Tento fazer o melhor para o clube e, por vezes, as pessoas não entendem assim. Se é ser indisciplinado dizer que não vou bater um penálti, porque deixei de os marcar nos jogos, ou isto aqui é uma ditadura ou um quartel-general. Se recusar bater um penálti é indisciplina, é complicado. Não quero atrapalhar o trabalho de ninguém e, se um dia achar que o estou a fazer, peço para me ir embora.
Mas ficou de fora na Taça por castigo...
Pois é, acho que fiquei de fora castigado injustamente
Estes episódios dificultam a sua saída para um clube maior?
Não, acho que não. Se as pessoas perceberem o fundo da questão, não. Por vezes não é o que sai na Imprensa. Também não sei porque é que sai tanta coisa aqui do Sporting para a Imprensa. Quando acontece algum episódio em que só estão jogadores e técnicos, não só este como outros, e passam duas ou três horas e toda a gente já sabe. O Sporting tem de ter cuidado com isso, porque estas coisas não podem ser divulgadas desta maneira, porque pode prejudicar um plantel. Tem de haver mais defesa do grupo, estas coisas resolvem-se com o grupo. Se alguém fizer alguma coisa tem de ser chamado e tem de se conversar com o grupo. Tem de ser entre a direcção, os técnicos e os jogadores.
Uma saída pode facilitar o acesso a uma selecção. A brasileira ou a portuguesa?
É um assunto delicado. Tenho passaporte brasileiro e o que me agrada neste momento é a selecção brasileira, porque tenho o passaporte brasileiro. Se um dia tirar o passaporte português e não for à brasileira e, se receber um convite de Portugal, ficaria muito feliz. Mas o objectivo maior é, sem dúvida, a brasileira. Mas a portuguesa agradava-me muito. Ninguém me procurou ou me disse nada acerca disso.
"Sete anos sem ganhar é muito tempo"
Esta época tem sido marcada pela irregularidade da equipa. Deve-se a quê?
É complicado dizer o que a provoca. Temos um plantel muito jovem. Por vezes fazemos as coisas bem e, no final, o resultado não tem nada a ver com aquilo que imaginámos. Estamos a tentar inverter a situação, que não é boa, mas já esteve pior. Estamos a melhorar jornada a jornada.
Nesta altura, o F. C. Porto é inalcançável?
Não, claro que não. Temos consciência da vantagem que tem, que é muito confortável, mas nada está decidido. Temos toda a segunda volta pela frente. Mas primeiro temos de pensar no segundo lugar, Queremos alcançar e passar o Benfica e depois, jogo a jogo, tentar encurtar e eliminar essa diferença.
Acredita ainda na conquista do título?
Claro que sim. Sabemos que não dependemos de nós, isso dificulta muito a tarefa, mas estamos tranquilos e cientes do nosso valor. Temos de torcer pelos tropeções dos adversários, mas temos esperança
Nos cinco anos que leva de Sporting viu o F.C. Porto conquistar três campeonatos e o Benfica um. Que diferença há do F. C. Porto para os restantes?
O Porto faz grandes investimentos e quem quer ser campeão tem de fazer grandes investimentos. Após a conquista da Liga dos Campeões receberam muito dinheiro e puderam investir em grandes jogadores. Quando se tem mais dinheiro, melhor qualidade se compra. Dentro de campo não se nota, mas é uma boa ajuda ter os melhores jogadores no plantel.
Sete anos sem um campeonato é muito tempo para o Sporting...
É muito tempo, de mais, para um clube da dimensão do Sporting estar sem ganhar um título de campeão nacional. Espero que este ano possa ainda chegar, apesar da distância e das dificuldades que temos de enfrentar.
José Luís Pimenta" In-JN 26 jANEIRO DE 2007
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