terça-feira, 29 de maio de 2012

Desporto em Portugal...através de comunicados!



Apresentamos hoje um exercício, numa tentativa ambiciosa de caracterizar um evento desportivo através da leitura e análise de comunicados.

Primeiro iremos apresentar as imagens do que se passou:

Treinador do Benfica insulta e provoca adeptos do FCPorto

Análise detalhada dos incidentes

Incidentes após o FCPorto Benfica em basquete

Reportagem fotográfica dos incidentes

Ainda no dia 23 de Maio o FCPorto reage através de comunicado no seu site:

O FC Porto requisita a polícia para garantir a segurança de todos os intervenientes e espectadores nos espectáculos desportivos que se disputam em nossa casa. Infelizmente, na noite desta quarta-feira, a polícia agrediu gratuitamente uma série de espectadores, entre os quais mulheres e crianças, que nenhum crime cometeram, apenas se deslocaram ao Dragão Caixa para assistir a um jogo de basquetebol.

Incompreensível e inaceitável que a polícia se esqueça da sua primeira missão é proteger os cidadãos e prefira bater indiscriminadamente.

Mas porque tudo tem uma origem, convém historiar. O treinador Carlos Lisboa, do Benfica, podia perfeitamente festejar a vitória de forma urbana e civilizada, mas preferiu fazê-lo provocando e insultando com palavrões os adeptos do FC Porto. Ao mesmo tempo, um roupeiro do mesmo clube arremessou objectos para a bancada, o que originou um clima de tensão que inviabilizou a entrega da Taça. Convém recordar que em momento algum houve invasão do terreno de jogo por um só adepto que fosse. A polícia de imediato deveria ter dado essa indicação, mas preferiu utilizar a força de forma despropositada e desproporcionada.

O FC Porto exige que se apurem responsabilidades e se encontrem o responsável ou os responsáveis por se ordenar a agressão à bastonada de cidadãos anónimos, como um grupo de jovens raparigas barbaramente agredidas pela polícia.

ANÁLISE:O Clube enquanto Associação desportiva dos seus adeptos, esteve muito bem neste comunicado defendendo os seus adeptos, promovendo a coesão interna e apontando os inimigos externos, neste caso o treinador do Benfica e a polícia!
Muito mal negando o assumir de quaisquer culpas na organização do evento desportivo e desresponsabilizando os próprios adeptos, dando carta verde para futuros actos violentos.

No dia seguinte dia 24 de Maio surge o comunicado da Associação de Basquete do Porto:

A ABP vem, pelo presente, manifestar a sua mais profunda indignação e repúdio relativamente aos acontecimentos vividos durante a final do Campeonato LPB, no encontro de basquetebol entre o FC Porto e o SL Benfica. De facto,

1. O Futebol Clube do Porto e o Sport Lisboa e Benfica foram, ontem, maltratados e desconsiderados pela Federação Portuguesa de Basquetebol devido à ausência do seu presidente e de quaisquer outros dirigentes federativos na cerimónia de entrega da taça que premeia a mais importante prova do calendário nacional. Ao delegar num funcionário federativo a entrega da taça, o presidente Mário Saldanha bem como a sua direcção demonstraram ter uma falta de respeito, sem precedentes, quer pelos vencedores quer pelos vencidos quer ainda pelo Basquetebol;

2. Por outro lado, entende ainda a ABP, dever enaltecer o exemplar comportamento de todos, repete-se, todos os intervenientes neste espectáculo – público incluído – até ao apito final do jogo. De uma singularidade preocupante, foi digno ver um pavilhão completamente cheio de luz, cor e fervoroso apoio clubístico, que esta Associação apenas lamenta não acontecerem em outros jogos desta modalidade e deste campeonato;

3. Contudo, poucos minutos após o apito final do jogo, foram notórias as provocações do SL Benfica, através do seu treinador Sr. Carlos Lisboa ao insultar e ao exprimir-se mediante gestos obscenos dirigidos aos adeptos do FC Porto, bem como do roupeiro do clube ao arremessar t-shirts com os dizeres de campeão, à assistência do FC Porto que se encontrava atrás do banco do Benfica;

4. Estas provocações que fizeram parte de uma estratégia bem delineada, com o objectivo de vitimização perante a opinião pública, deram origem a violenta carga policial, que agrediu cegamente homens, mulheres e crianças;

5. Perante tão lamentável cenário, entende igualmente a ABP dever realçar o comportamento digno e realista do funcionário da FPB, encarregue da formalidade da entrega da taça ao vencedor, Sr. Pinto Alberto, que, abertamente, comunicou aos representantes desta Associação julgar não estarem reunidas as mínimas condições de segurança para a concretização da entrega da taça e que entendia dever abdicar-se de tal acto;

6. Posição contrária e imposta a este senhor, teve a polícia de segurança pública, ao afirmar-lhe conseguir reunir todas as condições para que a entrega da taça ao vencedor se fizesse na forma adequada, exigindo-lhe que tal fosse feito, quanto mais não fosse, para poder demonstrar o domínio que conseguiria exercer;

7. O resto do sucedido vai sendo debatido entre todos aqueles que estiveram presentes no pavilhão Dragão Caixa, sendo porém, digno de realce que, em caso algum, tenha havido invasão de campo por parte dos adeptos presentes;

8. Em abono da verdade, sempre se dirá que a manifestação de indignação demonstrada por adeptos, dirigentes e outros presentes se poderá ver espelhada no comportamento do jogador Nuno Marçal que, perante a actuação do Sr. Carlos Lisboa e outros membros da comitiva do SLB, se limitou a exigir respeito e consideração, actos aliás exigíveis a qualquer digno vencedor.

Em conclusão:
1. O conjunto de lamentáveis acontecimentos verificados na final do campeonato de basquetebol acima devidamente identificados, merecem, com os esclarecimentos prestados, o mais veemente repúdio por parte da ABP;
2. Atendendo à posição e obrigações que tem no seio do basquetebol português, vem a ABP manifestar a sua total solidariedade com o clube seu associado, FC Porto, em prol do qual exercerá tudo o que esteja legitimamente ao seu alcance na defesa dos interesses que são próprios não só deste mas de todos os clubes seus associados;
3. Manifesta, a ABP a sua mais exacerbada preocupação face ao triste suceder de lamentáveis circunstâncias e peripécias que têm caracterizado os últimos tempos do basquetebol português;
4. Perante tanta e tão densa factualidade, conclui a ABP que a actual direcção da FPB não reúne o mínimo de condições para continuar à frente dos desígnios do basquetebol português.

ANÁLISE:Pura luta politica, aproveitando os incidentes para ao mesmo tempo que isenta o FCPorto, responsabiliza apenas o Benfica e a polícia, esquece os adeptos do Porto, mas acima de tudo o objectivo é enfraquecer a FPB, servindo estes incidentes como arma de arremesso para fazer cumprir uma agenda própria.

Como o silêncio por vezes é tambem significativo, a FPB, não reagiu através de comunicado, mas sim através das declarações do seu presidente Mário Saldanha, referindo que vai abrir um inquérito:

A Federação Portuguesa de Basquetebol vai abrir um inquérito aos incidentes ocorridos quarta-feira no último jogo da final dos play-offs da Liga, disputado no pavilhão Dragão Caixa, no Porto, que deu o título de campeão nacional ao Benfica.

Em declarações à agência Lusa, Mário Saldanha, presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), avançou que vai esperar pelos relatórios dos árbitros, comissários e diretor da prova, Pinto Alberto, além do relatório da polícia, para saber o que se passou.

«Vai ter de haver um inquérito. É absolutamente necessário que tudo seja apurado», sublinhou o responsável. Mário Saldanha afirmou estar «muito triste» com tudo o que se passou no Porto, adiantando que «não era previsível» que acontecessem «todas aquelas cenas no final do jogo».

«Toda aquela confusão não dignifica a modalidade, mas é causada por terceiros. Dentro de campo houve sempre uma luta correta», disse o dirigente.

Maria Saldanha adianta que o jogo era considerado de risco, e que tal situação foi comunicada à tutela, e que estava polícia destacada no local para o efeito. «Mas há coisas que não conseguimos controlar, estas coisas exacerbadas que acabam por acontecer e prejudicam os clubes e a modalidade. É triste acontecer numa final, um ano inteiro a jogar para aquele momento», lamentou.

Segundo Mário Saldanha, «algumas coisas vão ter de ser repensadas». No entanto, o dirigente reconheceu igualmente que será difícil «erradicar» estes incidentes, mas admite que o que aconteceu quarta-feira «foi demais» salientando «que não se pode tolerar» situações daquelas.

Para Mário Saldanha o que aconteceu reflete o ambiente que se vive em torno do futebol, afirmando que se trata da «futebolização das modalidades» que «andam a reboque». «É uma pena porque o basquetebol não se tem pautado ao longo do tempo com estas cenas. Eu já sou há mais de 20 anos presidente da federação e só me lembro de uma situação e também no Porto quando eu era presidente do Queluz, voltou 20 e tal anos depois», recordou.

ANÁLISE: Normalmente abrem-se inquéritos, quando não se tem coragem de tomar decisões. Diz uma grande verdade sobre a futebolização das modalidades mas de resto muito fraquinho...não resiste a mandar a sua farpazinha clubista, recordando um incidente antigo, mas pior de tudo declinando qualquer assunção de culpa, "existem coisas que não conseguimos controlar", mas de forma subliminar informa que já esperava a turbulência"...adianta que o jogo era considerado de risco, e que tal situação foi comunicada à tutela, e que estava polícia destacada no local para o efeito." Ou seja a organização da prova demite-se de qualquer culpa e passa a bola para a PSP.

No dia 24 de Maio o comunicado da PSP, entidade responsável pela segurança no local:

O comunicado da PSP, na íntegra:
“Relativamente aos incidentes verificados no dia de ontem, 23 de Maio, no Pavilhão ‘Dragão Caixa’, entre adeptos das equipas de Basquetebol do FC Porto e do SL Benfica, a PSP esclarece que está a proceder às necessárias averiguações e recolha de todos os elementos que contribuam para a elaboração dos subsequentes relatórios para envio às autoridades judiciais, administrativas e desportivas competentes”.

ANÁLISE:Comunicado fraquissimo insinuando incidentes entre adeptos que NUNCA aconteceram. Ficando pela ameaça da elaboração de um relatório! Entretanto o uso da força e se ela foi desmedida ou não, nunca foi assunto. Sendo que se estava avisada, como percebemos acima para o grau de alto risco, se tomou algumas medidas preventivas quanto a isso, ou se limitou ao tão típico, " quando acontecer logo se vê...?"

No dia 25 de Maio o Benfica emite um comunicado:
PSP do Porto mal informada

Com 48 horas de atraso, decidiu a Polícia de Segurança Pública do Porto entrar no “folclore” do jogo de Basquetebol da passada quarta-feira, no pavilhão Dragão Caixa.

Diz a PSP do Porto que vai “investigar os confrontos entre adeptos do FC Porto e do Benfica”. Poderá a PSP investigar muita coisa, mas confrontos entre adeptos é que garantidamente não poderá fazer, pela simples razão de que não havia adeptos do Sport Lisboa e Benfica para festejar o título de Campeão Nacional no Dragão Caixa, uma vez que o FC Porto recusou disponibilizar bilhetes para a equipa visitante.

Só podemos desejar à PSP boa sorte para esta investigação, seja ela qual for.


Sendo que na noite desse mesmo dia toma a seguinte posição:

Aqui o video completo

Presidente do Benfica reagiu aos incidentes no Dragão Caixa para lançar uma das maiores críticas de que há memória ao FC Porto, dizendo que o sucesso dos dragões tem como base a corrupção e a mentira.

Luís Filipe Vieira foi ao ataque e reagiu com diversas críticas ao FC Porto, na sequência de os dragões se terem queixado do comportamento dos responsáveis encarnados no Dragão Caixa, após o jogo onde o Benfica se sagrou campeão nacional de basquetebol.

"O que ontem se passou no Dragão é uma vergonha para o desporto, para o país, uma vergonha para as instituições desportivas. Só não é uma vergonha para quem não tem, nem nunca teve vergonha na cara. O que alguns fizeram ontem, mas também na véspera do jogo, foi demasiado grave para ficar impune. E ainda têm a lata de falar de apagões? Quando a sua história foi marcada por fruta, corrupção e compadrio? Têm a lata de falar de verdade desportiva quando o seu sucesso foi construído com base na maior mentira do desporto português?", questionou o dirigente encarnado, numa cerimónia em que o clube recebeu a equipa de basquetebol.

As críticas foram mais longe: "O sistema ainda não acabou. O sistema de hoje continua construído na intimidação, na violência, nos favores. As nossas razões podem não chegar à UEFA, como não chegaram as 'escutas da fruta', como não chegaram para a justiça portuguesa as 'escutas do café com leite'. Mas nós não vamos parar enquanto não limparmos o desporto português. Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que acreditam que isto nunca vai mudar, os que acreditam que a impunidade vai durar para sempre."

"Mas será que alguns dirigentes deste país só gostam da atuação da polícia quando esta os avisa que têm de fugir para não serem presos? Na vida como nos livros: um ladrão não deixa de ser ladrão por declamar poesia, um ladrão não deixa de ser ladrão por ir ao Papa. Um fugitivo da justiça não o deixa de ser apenas porque alguns juízes decidiram assobiar para o lado!", acrescentou Vieira.

"Alguns muros já caíram, mas não vou descansar enquanto houver árbitros, delegados e dirigentes que tenham medo, que se sintam condicionados por ameaças e represálias. Não vou descansar enquanto algumas federações continuarem a ter medo de agir com liberdade", realçou Vieira. Por fim, o presidente agradeceu a "Carlos Lisboa e toda a equipa pela forma como lutaram durante o jogo e pela forma como souberam sofrer depois do jogo."

ANÁLISE: A melhor comunicação em muitos anos de LFVieira á frente do Benfica. Tiros certeiros para as alusões ao apito dourado e ás escutas, ao prórprio sistema judicial quando refere "Mas será que alguns dirigentes deste país só gostam da atuação da polícia quando esta os avisa que têm de fugir para não serem presos?" ou mesmo o bombástico "Um fugitivo da justiça não o deixa de ser apenas porque alguns juízes decidiram assobiar para o lado!". Menos bem nos agradecimentos a Carlos Lisboa, passando por cima das provocações do técnico, e a maneira despudorada como se tenta colar á imagem de combatente pela verdade, sabendo-se todas as manobras que tiveram por base do ultimo titulo de futebol ganho e da maneira como foi ganho...


Ao que o FCPorto responde com esta através igualmente de comunicado:

25/05/2012
Os burros e a mudança

1 - Um leitor aproveitou um dos raros momentos de satisfação para ler o que outros lhe escreveram, o que em si mesmo já não é notícia. Há pormenores que importa realçar, como o “orgulho, admiração e agradecimento” pelos gestos e insultos de um seu funcionário, o que é elucidativo do carácter do leitor e consiste no mais forte apelo à violência no desporto de que há memória em Portugal.

2 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que só tiram a cabeça da toca de vez em quando e que nunca são capazes de dar a cara nas repetidas derrotas.

3 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que se deixam levar por textos a fingir de anjos e arcanjos, enquanto o passivo dos nove anos de gestão do leitor galopou dos 83,9 para mais de 400 milhões de euros.

4 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que permitem a quem nunca mostrou competência alterar os estatutos às escondidas para que ninguém ouse disputar-lhe a presidência e assim possa continuar a enganá-los a todos.

5 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que se deixam contentar com dois campeonatos e uma taça enquanto o leitor enche pneus de inveja com os títulos nacionais e internacionais do FC Porto.

6 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que ainda levam a sério o leitor. Em 2003: “O Benfica será mais forte do que o Real Madrid”. Em 2005: “Vamos arrasar na Europa”. E em 2006: “Depois do Verão, seremos o maior clube do mundo”. Largos dias têm os Invernos…

7 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que pela força do hábito não sabem lidar com a vitória. Podem continuar a tentar ganhar eleições à nossa custa, mas continuam a ver o FC Porto ganhar camião de títulos. E nem o camião nem os títulos são roubados.

8 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que fecham os olhos à forma como o leitor enriqueceu. É o alpinismo social.

9 - Burros não são os que acreditam na mudança. Burros são os que confundem risco com linha, ou que julgam que coca-cola só tem quatro letras.

PS: Aguardamos que a Procuradoria-Geral da República investigue o ataque à honra e à imparcialidade dos juízes e da polícia feito pelo leitor.

ANÁLISE: Encaixe do golpe e contra-ataque tentando enfranquecer a posição de Vieira, lembrando-o do passivo, do golpe de alteração dos estatutos. Depois faz uma pequena incursão pelo passado de Vieira com a alusão aos camiões roubados, ou mais á frente as alusões ao tráfico de droga, alpinismo social e confundir risco com linha e ainda coca-cola só tem 4 letras...esqueceram os autores deste comunicado os telhados de vidro do próprio PDC acerca de uns dentes de elefante perdidos e nunca assumidos algures no aeroporto da invicta.


Numa análise final é caso para dizer que zangam-se as comadres e descobrem-se as verdades. Existindo na análise destes comunicados matéria suficiente para a PSP fazer uns relatórios bastante gráficos sobre os intervenientes.

Neste caso como em tantos outros porto e benfica representam a iniquidade do desporto em Portugal, o porto pelo sistema que construiu durante anos, de forma a destronar o existente sistema pertença do benfica, que agora combate com os mesmos argumentos. Nem um nem outro são exemplo para o desporto em Portugal, mas a comunicação social, e a quase totalidade dos "fazedores de opinião" insiste em proteger este pseudo tratado de tordesilhas do desporto nacional, até quando?


1906
Luta & Resiste!

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