quinta-feira, 10 de julho de 2008

Como é que em Portugal papamos grupos destes? (Não só na bola)

É em casa e na escola que as sociedades constroem uma mentalidade submissa, mas são os << média >> quem mais educam: dizem-nos o que é bom e o que é mau, quem é bom e quem é mau.
Através da violência simbólica ou psicológica inculcam esses significados.
A escola devia ensinar as crianças a ver televisão, a ler jornais e a ouvir rádio porque, se passam mais tempo a ver televisão, a escola deveria pelo menos, proporcionar-lhes formação critica e uma reflexão sobre como são manipuladas. Não é por acaso que existem tantos adeptos do Benfica em Portugal. Apenas a acção e a experiência levam ao verdadeiro conhecimento. O receio de perguntar é um resultado da domesticação.

Este é um tempo em que as pessoas são estupidificadas, não de forma voluntária, acontece que os detentores do poder, são na maior parte das vezes quem detêm os meios para formar ou deformar as opiniões.
Como exemplo e para dar uma ideia do atraso em Portugal podemos dizer que o nosso esquema educativo ainda é consentâneo com a 2ª vaga industrial, há relativamente pouco tempo se começou a falar em termos como choque tecnológico, e-learning, Internet.

A Internet funcionou neste aspecto como um agente democratizador.
Mas como estávamos a dizer o nosso sistema educativo funciona de forma arcaica, produzindo futuros operários que se destinarão numa economia de massas a produzir produtos em série e indiferenciados para outras massas que serão os clientes.
O nosso sistema de ensino tinha um programa a descoberto, que era aquilo que as várias disciplinas declaravam ensinar aos seus alunos, simultaneamente tinham um programa encoberto onde se fazia o apanágio da:
1) Assiduidade e pontualidade;
2) Respeito á hierarquia;
3) E aquela carrada de trabalhos de casa que nunca mais acabavam.

Com isto estavam a preparar os “tais” trabalhadores de e para as massas instruindo-os desde pequenos para:
1) Serem assíduos e pontuais tornando-se imediatamente mais produtivos.
2) Não questionar, nem questionar-se, limitar-se a ser mais uma peça da máquina.
3) Sistematização e habituação a longos regimes horários de trabalho.

A tristeza é que o paradoxo económico mudou e ninguém reparou. Actualmente a busca é feita quase pela personalização dos produtos finais. O objectivo já não passa por ter um Mercedes, mas sim ter um Mercedes com as iniciais no volante ou no puxador.
A democracia acaba quando se cruza a porta e entras na fábrica ou na empresa. Aí manda quem pode. Os poderosos de resto exigem confiança e fé aos cidadãos, premissas para que um sistema de enriquecimento funcione. É sempre mais fácil enganar uma pessoa que confia do que outra que pensa por si própria e dúvida.

As leis e a política fiscal tornam-se neste “jogo” sobretudo instrumentos de domínio e coacção sobre a população. Praticamente ninguém, a menos que seja rico, estude ou seja profissional do ramo consegue compreender as leis e a política fiscal, dois dos instrumentos mais importantes para dominar os seres humanos. Exemplificamos: fala-se da precariedade no trabalho: fala-se da necessidade de mais segurança, mas apenas no contexto policial e militar. A segurança no trabalho já não interessa. Na nossa sociedade só a riqueza e os meios para produção se encontra devidamente protegida e com a colaboração do estado.

A submissão acontece quando deixamos de questionar tudo o que se passa á nossa volta, e aceitamos como válidos os valores que nos impõem. Neste aspecto os jornalistas deveriam funcionar como ampliadores de consciências e não o contrário, tentando reduzir a coacção física e psicológica.
Manter a ignorância aliás, significa manter as pessoas submissas. Um cidadão culto, tenta conhecer o meio que o rodeia e não se tornar num vítima desse mesmo meio.
Como exemplo dessa pequenez, nos últimos anos houve uma explosão de nomes como Cristiano (Ronaldo), Marcelo (Rebelo de Sousa),Belmiro (Azevedo), Catarina (Furtado) ou Diana(Lady Di ou Chaves). As pessoas julgam que dessa forma pelo menos os seus filhos poderão alcançar aquilo que as revistas do coração promovem: as vidas fabulosas do maravilhoso mundo dos reis, das rainhas e do beautiful people em geral.
Obviamente que acabará por originar vidas sentimentais estereotipadas, incrementando a passividade. O objectivo dessas revistas é apenas relatar a vida dos outros para que não se pense na própria, pois no dia em que isso acontecer posso constituir um perigo para quem manda.

Manter as pessoas simples, pobres, preocupadas com as histórias dos famosos, garante cidadãos anestesiados e passivos. É essa a função do entretenimento.
Desta forma consegue-se formatar cidadãos, os média mostram-nos até á exaustão as imagens de crianças pobres e sub nutridas de outros pontos do Globo, para que fique na nossa mente, que afinal nem estamos mal de todo.
Os nossos filhos até vão á escola, comem, não é? A mensagem subterrânea é :
“Não te mexas, não reclames, sê obediente e humilde. Vê lá se queres que te aconteça o mesmo?”

Quando os média nos inundam de violência o efeito mais nefasto é habituar o cidadão de que a vida está cheia de violência.
São pouco mais de 200 famílias que pelo mundo enriquecem através da industria da guerra, como exemplo a máfia que tem interesses na reconstrução ou será destruição do Iraque e do Afeganistão?

Mas há pior: Quando o furacão Katrina devastou Nova Orleães, as televisões mostraram durante dias, os cadáveres a boiar nas ruas, e isto porquê?
Ninguém podia recolher os mortos, porque quem estava autorizado a fazê-lo era apenas 1 funerária ligada á família Bush. Isto é um extremo de crueldade.
Como é que nos podemos defender, de forma a sermos mais livres e menos submissos?
Ampliar os conhecimentos sobre o meio e a sociedade em que vivemos. Descobrir como funciona. O conhecimento é sempre activo. E exige esforço. Depois então sim, tentar transformar a sociedade em nosso benefício e não de uns poucos que continuam a chupar o sangue á humanidade. Se executarmos acções sem conhecer as suas causas, condições ou efeitos, passamos a ser causa, condição e efeito das acções dos outros.

Feito a partir da entrevista de Miguel Carvalho a Vicente Romano Na revista Visão 2 de Novembro de 2006


1906

Luta & Resiste!

1 comentário:

Anónimo disse...

Tens razão.
O que isto queria era 1000 Estalines pra gente descartar a opressão e ser finalmente livres.
Ah bons velhos tempos do murinho, tão libertário e dinamizador. Quais papoilas saltitantes em menufares de criatividade, autoconheciamento e suficiencia. O que vale é que ainda guardamos aquelas obras primas do Vasco Granja.
Talvez pro ano.

Ah, é verdade:
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- Politica

Um abraço, camarada :)