segunda-feira, 24 de novembro de 2008


Pegando no que aqui foi dito por um Espartano, num artigo acerca de uma sondagem sobre o afastamento dos Sportiguistas ter por base o mau futebol, vamos, hoje falar finalmente, um bocadinho do futebol sénior do SCPortugal.

Falou-se igualmente de música, actualmente muitos analistas tentam encontrar um paralelo entre a harmonia musical e a evolução de uma equipa no relvado, ou seja hoje vamos ter de falar de música, e falar de música é um pouco como explicar uma anedota: já se compreendeu intuitivamente o que laboriosamente se tenta traduzir em conceitos.

A música afinal, é a linguagem para além da linguagem. E ela é como diz o poeta Eichendorff, a linguagem das coisas, aquilo que lhes dá vida. As estrelas fazem música ao girarem, o corpo do violino responde á oscilação das cordas e a equipa de futebol sénior faz música quando joga bem. E também nós respondemos, o que quer dizer que o nosso corpo acompanha esse swing, essa harmonia, esse ritmo.

O ritmo ordena o tempo, a tonalidade ordena o som. Toda e qualquer música baseia-se nestes dois conceitos fundamentais.
Por tudo isto, a dança encontrou-se desde sempre associada á experiência primordial com a música. De qualquer modo, a música sempre é também um fenómeno corporal. Não ouvimos apenas com os ouvidos, mas também com todo o corpo, especialmente na área dos tons graves. O bater do coração pode adaptar-se ao ritmo da música.

Tendo nesta altura de introduzir o 1º termo técnico: a oitava. Mas o que é isso? Vejamos como termo de comparação o campo de percepção da visão: aí o espectro do arco-íris corresponde á oitava. Das sete cores, a sétima - a violeta – volta a aproximar-se do vermelho. Porquê? Porque o violeta tem quase (não completamente) o dobro da frequência da luz vermelha. Um tom consiste em ondas de som e alcança o nosso ouvido sob a forma de uma onda sonora. Quanto mais rápida é a vibração, mais agudo é o tom. No caso da oitava, o tom mais agudo vibra exactamente com o dobro da velocidade do mais grave. Por isso sentimos esses dois tons como tons iguais com tonalidades distintas.
No caso da luz, o leque da nossa percepção não chega a abranger uma oitava: se fosse mais, durante uma tempestade veríamos várias sequências de cores repetidas. Em termos acústicos, pelo contrário, ouvimos de facto vários arco-íris.

E o que é tudo isto tem a haver com o futebol da equipa sénior do SCPortugal?
A equipa de futebol sénior Sportinguista nos anos 40/50 era conhecida como “Os violinos”, tal era a harmonia, o ritmo e o tom com que explanava o seu futebol no relvado, concebendo autênticos recitais , neste caso de futebol clássico.

Actualmente, esta equipa não tem ritmo, não tem tom é uma equipa que não vibra nem faz vibrar os Sportinguistas, através da sua evolução no relvado, normalmente não nos conseguimos aperceber de todos os arco-íris, que esta equipa poderia produzir tal como nos indica a exepção, da 1ª parte com o FCPorto, para a Taça de Portugal.

É uma equipa que “tenta” ser resultadista apostando tudo na defesa e no contra-ataque, com transições rápidas defesa/ataque.
Acresce a isto que esta equipa joga numa táctica assim apelidada de losângulo em que são pedidos flanqueadores rápidos e de boa técnica que possam fazer todo o flanco, romper até á linha e centrar para os avançados na área.

Ao colocar um jogador (pesado) grave na linha e outro no meio, as transições por mais que sejam (rápidas)agudas na defesa, colidem com os dois tons graves no meio-campo, o que gera cacofonia, já não é música é só barulho. O desequílibrio é exponenciado devido ao facto de no outro extremo a equipa possuir presisamente um médio com as características pretendidas: Izmailov -um exelente solista, que quando engasga a equipa pára, estando o melhor solista do plantel guardado para a bancada, devido ao diferendo com o treinador, e Vuckcevic tem tudo o que encanta no futebol, garra, técnica, comunhão com os adeptos, não estará na altura de Bento reabilitar o homem e o jogador? E de já agora (apelando ao coração destes dirigentes na única língua que percebem), impedir a desvalorização dramática do activo mais precioso do plantel?

Outra das razões que não permitem a vibração plena dos Sportinguistas é quando os jogadores, tal como já foi salientado neste espaço, extravassam as suas funções e apelam para que os mais melómanos, se não gostam de ouvir o barulho por eles produzido no relvado, que fiquem em casa. Por sua vez, o treinador usurpa as funções dos dirigentes, e os dirigentes remetem-se ao silêncio.
Ora bem resumindo, e para ver se conseguimos perceber o quadro todo: Os dirigentes com um discurso de jogador, o treinador com o discurso de dirigente e os jogadores com um discurso de prima-donna? É isto? E como é que desta orquestra poderá sair, alguma vez uma música com qualidade?

1906

Luta & Resiste!