terça-feira, 22 de abril de 2008

Moralidades...


Também somos da mesma opinião, há que denunciar quem faz pressão sobre os árbitros de forma a condicioná-los nas partidas que vão apitar.
Urge denunciar quem através de meios mais subterrâneos atinge os seus objectivos.
Publicamos por isso uma serie de conversas telefónicas tornadas públicas no âmbito do processo Apito Dourado:

Partes das escutas telefónicas onde é interveniente Luís Filipe Vieira. Os seus interlocutores são Valentim Loureiro e Pinto de Sousa

Luís Filipe Vieira (LFV) - Eu não quero entrar mais em esquemas nem falar muito... (...)
Valentim Loureiro (VL) - Eu penso que ou o Lucílio... o António Costa, esse Costa não lhe dá... não lhe dá nenhuma garantia?
LFV - A mim?! F.., o António Costa? F... Isso é tudo Porto!
VL - Exacto, pronto! (...) E o Lucílio?
LFV - Não, não me dá garantia nenhuma o Lucílio!
VL - E o Duarte?
LFV - Nada, zero! Ninguém me dá!... Ouça lá, eu, neste momento, é tudo para nos roubar! Ó pá, mas é evidente! Mas isso é demasiado evidente, carago! Ó major, eu não quero nem me tenho chateado com isto, porque eu estou a fazer isto por outro lado. (...)
VL - Talvez o Lucílio, pá!
LFV - Não, não quero Lucílio nenhum! (...)
VL - E o Proença?
LFV - O Proença também não quero! Ouça, é tudo para nos f...!
VL - E o João Ferreira?
LFV - O João... Pode vir o João. Agora o que eu queria... (...) Disseram que era o Paulo Paraty o árbitro... O Paulo Paraty! Agora, dizem-me a mim, que não tenho preferência de ninguém (...) à última hora, vêm-me dizer que já não pode ser o Paulo Paraty, por causa do Belenenses.

Pinto de Sousa - A única coisa que eu tinha dito ao João Rodrigues é o seguinte... É pá, há quinze [dias] ou três semanas, ele perguntou-me: "Quem é que você está a pensar para a Taça?"... Eu disse: "Estou a pensar no Paraty"...
VL - Bem, o gajo está f... (...) O Paraty então não consegues, não é?
PS - O Paraty não pode ser. (...) Até para os árbitros restantes, diziam assim: "É pá, que diabo, este gajo tem tantos internacionais e não tem mais nenhum livre, pá?!". (...)
VL - Eu nem dá para falar muito ao telefone, que ele começa para lá a desancar. (...) Mas qual é o gajo que o Porto não quer?! O Porto quere-os todos, pá! Qualquer um lhe serve!
PS - É... Por acaso é verdade...
VL - O Porto quer lá saber disso!
PS - Se é o Lucílio... Se fosse o Lucílio, era o Lucílio, se fosse o António Costa, era o António Costa...
VL - Ao Porto qualquer um serve!



"Apito Dourado
Pinto da Costa indicou árbitro para a final da Taça de 2002/2003
Por :
09.09.2006
Uma situação idêntica à verificada com Luís Filipe Vieira - que, conforme o PÚBLICO ontem noticiou, escolheu o árbitro que devia estar presente nas meias-finais da Taça de Portugal, na época 2003/2004 - aconteceu com Pinto da Costa, na final da Taça da época anterior. No entanto, nessa conversa, onde Pinto da Costa sugere a Pinto de Sousa, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação, a indicação do nome de Pedro Henriques, árbitro de Lisboa, o procurador de Gondomar viu indícios de crime. Aliás, foi essa uma das situações pelas quais o presidente dos azuis e brancos foi indiciado e que motivaram a sua detenção, até ser ouvido em primeiro interrogatório, em Dezembro de 2004.

Na mesma escuta, que aconteceu a 26 de Maio de 2003 e que antecedeu a final FC Porto-União de Leiria, Pinto da Costa conversou com Pinto de Sousa sobre a possível nomeação de Isidoro Rodrigues. O presidente do Conselho de Arbitragem deu-lhe conta de que a nomeação não agradava ao presidente dos leirienses, João Bartolomeu, e que este ameaçara fazer um escândalo quando soube que aquele árbitro seria o designado. "O gajo sabe que está para ser o Isidoro... e disse que a equipa não comparece, (...) que é um escândalo. (...) Se o gajo vai para lá todo f... da cabeça, estraga a festa", alertava Pinto de Sousa, sugerindo a Pinto da Costa que pensasse noutra opção.

Na mesma escuta telefónica, transcrita no processo principal do Apito Dourado, o líder dos azuis e brancos apresenta outras hipóteses para o mesmo jogo. Primeiro sugere o árbitro António Costa, depois Pedro Henriques. A escolha acaba por recair no segundo, depois de Pinto da Costa entender ser aquele o árbitro ideal, por ser o primeiro classificado pelo Conselho de Arbitragem. Mas Pinto da Costa diz também a Pinto de Sousa que pode mudar o nome, se assim o entender. "Por mim, estás à vontade. Se vires que te defende mais outro, põe outro", afirmou.

Anexada ao processo em Setembro de 2003, a escuta telefónica levou o procurador a entender que havia indícios de crime. Na opinião de Carlos Teixeira, aquela conversa do líder do FC Porto significava então que o dirigente estava a influenciar a escolha do árbitro e assim tentava obter benefícios para o FC Porto.

Os motivos que o levaram a ter um entendimento diferente para o caso do Benfica são uma incógnita. No entanto, Luís Filipe Vieira ainda poderá vir a ser chamado nas certidões que se mantêm em investigação em Lisboa, para responder sobre a escuta ontem noticiada pelo PÚBLICO e outras obtidas no mesmo processo.

Aliás, segundo o PÚBLICO soube, há mais conversas comprometedoras com o presidente dos encarnados. O interlocutor era normalmente Pinto de Sousa, cujas certidões se mantêm em investigação, mas Luís Filipe Vieira nunca foi interrogado.

Entretanto, o Belenenses anunciou ontem que se irá constituir assistente no processo para tentar perceber se foi de alguma forma prejudicado - era o adversário do Benfica no jogo onde Luís Filipe Vieira recusou o nome de quatro internacionais, acabando por aceitar a designação de João Ferreira, que hoje estará no Bessa a arbitrar também o clube da Luz.

Acompanha assim o Benfica, que já anunciara a intenção de se constituir assistente nas escutas que envolvem o FC Porto e Boavista, bem como o árbitro Pedro Proença, que, no ano passado, manifestou também o mesmo desejo.

Parte das escutas telefónicas onde são intervenientes Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira. O primeiro caso acontece antes da final da Taça de 2002/2003 e o segundo a dois dias da meia-final de 2003/2004."


"Segunda acusação de corrupção
Pinto da Costa acusado por ter dado 2500 euros a árbitro
Por António Arnaldo Mesquita
22.06.2007
Jorge Nuno Pinto da Costa foi acusado de corrupção desportiva activa por uma magistrada do Ministério Público, da equipa coordenada por Maria José Morgado que investiga certidões do Apito Dourado, por ter entregue ao árbitro Augusto Duarte um envelope que, segundo assegurou a sua antiga companheira, Carolina Salgado, continha 2500 euros em notas.

O árbitro que dirigiu o desafio Beira-Mar-FC Porto (0-0), em 18 de Abril de 2004, foi acusado de corrupção desportiva passiva e o empresário desportivo António Araújo viu ser-lhe imputado o mesmo crime que ao líder do FC Porto.

O despacho final já foi notificado aos seis arguidos, metade dos quais viu arquivadas as suspeitas que sobre si recaíam. Esse foi o caso de António Pinto de Sousa, vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e dos dois árbitros assistentes de Augusto Duarte - António Perdigão e Domingos Martins.

O inquérito resultou de uma certidão proveniente do processo principal do Apito Dourado, foi arquivado no DIAP do Porto e reaberto pela equipa dirigida por Morgado, na sequência do depoimento de Carolina Salgado, que implicou a reabertura de outras duas investigações: uma relacionada com o FC Porto-Estrela da Amadora, na época de 2003/2004, que já foi concluída com a acusação de Pinto da Costa, de António Araújo, Reinaldo Teles e do trio de arbitragem liderado por Jacinto Paixão. E a outra relativa à agressão a um vereador da Câmara de Gondomar, o socialista Ricardo Bexiga, que ainda está em curso.

A acareação de Carolina Salgado com Augusto Duarte, realizada há dias, na PJ do Porto, terá sido uma das últimas diligências dos investigadores, e a antiga companheira de Pinto da Costa reiterou a sua versão da entrega do envelope com os 2500 euros a Augusto Duarte. A defesa do presidente do FC do Porto já reagiu, pondo em causa a credibilidade de Carolina Salgado, a quem acusa de ter feito "um depoimento falso e motivado por razões de revanche e outras, quiçá mais obscuras".

Os autos vão para a comarca de Gaia e a instrução decorrerá no Porto, onde irá ser avaliada a consistência do libelo que visa Pinto da Costa no inquérito relacionado com o FCP-Estrela da Amadora."

In jornal Publico

1906

Luta & Resiste!

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