sábado, 21 de julho de 2012

Lançamento do livro Cavaco versus Cavaco hoje na Fnac!



Foi hoje lançado o livro Cavaco versus Cavaco de Frederico Duarte Carvalho, autor do exelente blog "Para mim tanto faz"
Para vos abrir o apetite sobre o livro, deixo-vos com o apelo que publicou no seu blog, dirigido aos deputados da nação, acerca de Camarate:


Camarate - Um apelo aos deputados

Senhores deputados, por favor, não cometam o erro de criarem a 10ª Comissão de Inquérito Parlamentar à Tragédia de Camarate (CIPTC). Ouçam as vozes bem avisadas, sensatas e honestas daqueles que pedem que não gastem mais dinheiro do orçamento da Assembleia da República. Pensem, isso sim, em medidas para combater a actual situação económica em que se encontra o País.

Combatam o desemprego, desenvolvam a produtividade nacional, ouçam as palavras do senhor Presidente da República no 25 de Abril e promovam uma imagem positiva de Portugal no estrangeiro. Não gastem tempo a analisar uma situação do passado, que já não interessa e não vai adiantar ao futuro. Por favor, senhores deputados, não percam tempo com mais comissões quando já houve nove, nove comissões de inquérito parlamentar onde não há mais nada a acrescentar.

Ou preferem continuar a distrair-nos com estas questões do passado enquanto o povo passa fome? Ouçam, por favor, o ex-conselheiro da Revolução, Sousa e Castro, que diz que os militares de Abril derrubaram o Estado Novo para acabar com a fome em Portugal e investiguem, por exemplo, o negócio dos submarinos. Esse sim, um verdadeiro escândalo, a par de casos como o BPN ou estas vergonhas do Freeport e os seus “envelopes castanhos” mais os gabinetes de arquitectura de amigos.

Por favor, ouçam este apelo de um simples cidadão: não criem a 10ª CIPTC. Senhores deputados, se caírem no erro de criarem a 10ª CIPTC, a situação económica vai piorar, pois arriscam-se a meter a mão num ninho de vespas internacional que depois vai agravar o já apertado sufoco financeiro na tentativa de nos calar. É assim que eles têm feito há anos e anos. Desde Camarate. Os senhores deputados vão abrir uma caixa de Pandora com todas as desgraças do mundo dentro dela.

Se cometerem a imprudência de quererem saber se a “alegada confissão” de um alegado responsável do alegado atentado, que, alegadamente, foi funcionário da CIA, com alegadas ligações a um – e aqui não é alegado, pois é um facto – ex-embaixador norte-americano em Portugal e posterior número dois da CIA, Frank Carlucci, que até era amigo pessoal de um ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República, Mário Soares -, então vão deixar em maus lençóis os nossos aliados norte-americanos e a sua imagem no resto do mundo.

Acaso imaginam as implicações que teria para o nosso futuro se acusarmos os Estados Unidos da América de estarem por detrás do assassinato do nosso primeiro-ministro e ministro da Defesa, apenas porque estes queriam impedir que tivesse lugar em Portugal uns estranhos negócios ilegais de tráfico de armas que desrespeitavam a soberania do nosso País? Mas, onde é que já se viu isso?

Se a vossa 10ª CIPTC provar que Portugal andava a vender armas para o Irão em 1980, furando assim um embargo internacional, que havia elementos da CIA por detrás desse negócio e Sá Carneiro, dois meses antes de Camarate, desconfiava estar a ser perseguido pela secreta norte-americana por querer investigar essas ilegalidades, pelo que teria sido então “encomendada” a sua morte por um milhão de dólares, isso vai deixar em maus lençóis muita boa gente que ainda hoje está viva. E não é só nos EUA. É também por cá.

E aviso-vos que nem sequer é necessário chamar o desacreditado Fernando Farinha Simões de Vale de Judeus para testemunhar no Parlamento que Sá Carneiro desconfiava da CIA, pois podem perfeitamente chamar para ir à 10ª CIPTC uma pessoa credível, Vasco Abecassis, ex-marido de Snu Abecassis (a companheira de Sá Carneiro que faleceu também em Camarate), que contou precisamente isso à jornalista Cândida Pinto (outra pessoa credível), da SIC (a televisão do ex-primeiro-ministro Pinto Balsemão, também pessoa credível), que o escreveu na biografia sobre Snu, editada pela Dom Quixote (que é uma editora igualmente credível e bastante respeitada).

Senhores deputados, por favor, não cometam ainda o imenso e superlativo erro de irem investigar o Fundo de Defesa Militar de Ultramar - o “saco azul” do exército do tempo da guerra colonial, destinado a financiar a compra de material de guerra fora do controle do Orçamento do Estado e que, desde o 25 de Abril de 1974, era gerido em segredo pelos “militares de Abril”, esses, ingratos, que, tal como Mário Soares (o amigo do Carlucci da CIA), faltaram às celebrações da data de Liberdade no vosso Parlamento.

Se insistirem nessa perigosa ideia, então façam tudo para enganar o povo Português e escondam a necessidade de envolver o nome do Presidente da República nessa questão. Eu sei que vai ser difícil, pois quando o actual Presidente da República era ministro das Finanças recebeu ordens de Sá Carneiro para investigar o Fundo de Defesa Militar de Ultramar e nunca o fez. Assim, qualquer comissão séria teria de ir perguntar-lhe o motivo pelo qual não conseguiu cumprir as ordens do primeiro-ministro e se manteve calado ao longo destes anos todos.

E, mais uma vez, não é sequer necessário recorrer a “alegadas confissões” no YouTube para confirmar isso, pois basta consultar os comunicados do Conselho de Ministros de Novembro de 1980 onde essa ordem está bem explícita. Ou então a imprensa da época – tenho cópias que vos posso fornecer. Senhores deputados, não sujeitem o Presidente da República a perguntas incómodas sobre qual o conteúdo da última reunião de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa, na qual ele esteve igualmente presente, na manhã do fatídico dia 4 de Dezembro de 1980, juntamente com as mais altas chefias militares do País, para falarem precisamente sobre questões de dinheiro e Orçamento.

Não façam essas perguntas ao Presidente da República, pois o País já tem tantos problemas económicos que a imagem de Portugal no estrangeiro iria ficar arruinada para sempre. Já basta termos um ex-primeiro-ministro com fama de corrupto, imaginem agora só se, na sequência da vossa investigação, um jornalista norte-americano, ou inglês, ou francês, ou alemão se lembrasse de escrever lá no país dele que, aqui, no belo e tranquilo Portugal, o Presidente da República é suspeito de ter encoberto o móbil do assassinato de um antigo primeiro-ministro e ministro da Defesa pela CIA.

Que o fizera para proteger militares portugueses e norte-americanos. Que assim escondeu um negócio de tráfico de armas de Portugal para o Irão no tempo em que o ex-director da CIA, George Bush, era candidato a vice-presidente dos EUA. Imaginem ainda que esses jornalistas se lembrassem ainda de que, no dia da primeira tomada de posse do nosso Presidente da República, George Bush esteve no Parlamento português como seu convidado de honra, confirmando assim uma longa amizade.

Imaginem então uma coisa ainda mais grave, pois esses jornalistas estrangeiros iriam depois ficar a saber que, a ter havido negócio de tráfico de armas para o Irão através de Portugal em finais de 1980, isso iria demonstrar que elementos da campanha republicana Reagan/Bush, ex-agentes da CIA, teriam negociado secretamente com os iranianos a não libertação dos reféns de Teerão antes das eleições presidenciais nos EUA, a 4 de Novembro de 1980, roubando assim a reeleição de Jimmy Carter.

Isso significaria que a administração Reagan chegara ao poder através de um acto de traição. Iria colocar em causa toda a política norte-americana no Médio Oriente na actualidade, pois a mesma tem sido a sequência lógica das acções iniciadas por esse negócio da CIA em Portugal com a cumplicidade dos nossos dirigentes, dirigentes norte-americanos republicanos e até com complacência dos democratas.

Não, senhores deputados, a morte de um estadista em Portugal não pode chegar as estas conclusões. É preciso manter esta Ordem Mundial, senão ainda se chega à questão de saber de onde vinha o dinheiro para manter estes negócios e revelar as redes de tráfico de droga, as organizações terroristas que são promovidas para justificar as mortes e assassinatos que cresceram da mesma forma que os furacões nascem com o bater de asas de borboletas.

E é por isso que temos a crise económica mundial de hoje, precisamente por causa de todos os negócios que se fizeram depois destes negócios que levaram a Camarate. Sei que parece ser algo pretensioso querer dizer que Camarate está na origem de todos os males no mundo, mas, de certo modo, infelizmente, e sem exageros, até está. E não podemos mostrar essa verdade aos Portugueses: eles não iriam aguentar. É pior do que o holocausto de Hitler, acreditem. Por isso, o meu apelo, para que não iniciem sequer os trabalhos.

Tentem ir adiando até ser esquecido. A imprensa está a dar o exemplo e está fazer um bom trabalho ao ignorar o assunto. Deram a notícia ontem, mas hoje já ninguém se lembra. Não falem mais nisso e daqui a nada, no fim do mês, os portugueses já se esqueceram e podem continuar infelizes e domesticados como sempre.

Qualquer CIPTC nesta altura ou noutra qualquer, mesmo que conseguisse abafar metade daquilo que eu aqui digo, ainda assim iria descobrir muita coisa, pois os factos existem e até estão à vista. Não os liguem entre si. Não estraguem a verdade oficial que tantos anos demoraram a construir. Lembrem-se que se houver sangue, ainda pode ser o vosso a jorrar nas escadas do Parlamento. Não deixem falar quem quer falar, não façam falar quem não pode falar.

Por favor, senhores deputados, não falem mais em Camarate!"

Grande bem haja Frederico!


1906

Luta & Resiste!